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"Se você entende o que é a produção animal, entende o que é a Zootecnia"

DIA DO ZOOTECNISTA

IFCast Crato aborda desafios e possibilidades da profissão
última modificação: 13/05/2020 07h50
Professor, profissional e estudante conversam sobre o tema

Professor, profissional e estudante conversam sobre o tema

Neste dia 13 de maio, o Brasil celebra o profissional da Zootecnia, um dos profissionais responsáveis pelo campo das Ciências Agrárias. Em uma conversa sobre os conceitos, os desafios e as possibilidades da profissão, o IFCast Crato reuniu o coordenador do curso de Zootecnia do campus de Crato do IFCE, professor Marcus Góes, a zootecnista da instituição, Cláudia Villaça, e a estudante Lorrane Lima, que está prestes a se graduar pelo campus. Você pode escutar o episódio no spotify.

Confira abaixo um trecho da entrevista:

A profissão de zootecnista surgiu oficialmente no Brasil na década de 1960, com a criação do primeiro curso de Zootecnia no país, no dia 13 de maio de 1966, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, na cidade de Uruguaiana. Há pouco mais de 50 anos, portanto. Não é, porém, uma profissão muito conhecida. Tenho certeza que vocês já tiveram que explicar para alguém o que é a Zootecnia, e é também com essa pergunta que nós iniciamos a nossa conversa hoje. Como vocês apresentam a Zootecnia para quem ainda não a conhece?

Cláudia Villaça: Se você entende o que é a produção animal, você entende o que é a Zootecnia. Lógico que todo começo é difícil. Eu tenho dez anos de formada, a Zootecnia tem 50 anos. Quando eu me formei, ela era menos conhecida. No entanto, desbravar é o que atiça. Mostrar para o que veio e mostrar qual é a função do nosso curso é o que alimenta. É algo novo, porém extremamente prazeroso, porque você trabalha para fornecer uma fonte alimentar para quem está em casa, então o seu trabalho é de fato essencial. É inclusive fazer com que o animal tenha tudo necessário para se manter saudável, participar de toda a cadeia desde quando se recebe o animal até a finalização. É trazer comida aos brasileiros e auxiliar o produtor rural, fazer com que ele tenha uma maior ênfase em sua produção: ou seja, um menor custo e maior produtividade. E a Zootecnia vem se destacando cada vez mais na pesquisa. Eu acho que nós estamos desbravando a questão da utilização dos alimentos para aumento da eficiência e da qualidade final do produto animal. Em termos práticos, a definição seria essa.

É uma ciência bastante ampla, a Zootecnia, O que eu vejo é que se tem ainda muita dificuldade de saber a extensão da atuação do zootecnista. Se vocês puderem, esclareçam essa atuação do profissional, esses limites e principalmente a extensão desses limites.

Marcus Góes: Pegando um pouco da fala da Cláudia, achei muito interessante quando ela coloca essa questão do desbravamento da Zootecnia. Eu também tenho essa visão com relação ao profissional. Ele encontra-se nesse processo de desbravar. A meu ver, o limite da atuação do profissional da Zootecnia ainda está para ser conhecido. Se fala muito das implicações legais de documentos formais que se tem. O Zootecnista hoje é regulamentado na sua profissão pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária e Zootecnia e seus conselhos regionais. E tem, obviamente, a legalidade descrita formalmente em documentos. Mas os próprios documentos são, posso dizer, vagos para determinar esses limites.

Eu sempre falo para os alunos que esse limite quem faz são os profissionais. Cada vez mais o zootecnista está ganhando seu espaço no mercado de trabalho. As profissionais das Ciências Agrárias inevitavelmente têm seus sombreamentos, isso é inevitável, acaba tendo uma certa confusão, mas eu sempre gosto de dizer que tem muita coisa a ser descoberta para o zootecnista.

Quando você começou o curso, já sabia que era tudo isso ou foi entrando e aprendendo mais sobre a área?

Lorrane: Na verdade, quando entrei no curso eu mal conhecia a Zootecnia. Eu entrei no curso porque tinha uma prima que já fazia e me indicou, disse que talvez fosse legal pra mim, já que eu gosto de trabalhar com animais e sou da zona rural. A princípio, foi uma surpresa. Cada semana era uma coisa nova que eu aprendia. Essa questão do hormônio no frango, que é tanto pregada para a sociedade, e a gente vê que na verdade não é isso, foram anos de pesquisa, várias pessoas estudando para que houvesse um melhoramento genético, uma melhor eficiência alimentar dos animais.

Quando eu cheguei no IF, achei que ia trabalhar mais com peixes e com aves, porque sou pequena e achei que seria mais fácil, e na verdade acabei me apaixonando logo por caprinos e ovinos, que foi o meu primeiro contato.

Particularmente, eu gosto muito de colaborar com o desenvolvimento social. E eu vi que a Zootecnia era um caminho que ia me possibilitar isso, estar junto dos produtores rurais, poder contribuir com eles, assim como também eles contribuíram bastante na minha formação.

Eu não vejo problema nenhum em um agrônomo formular ração, desde que ele seja capaz de formular. Não vejo problema nenhum em um zootecnista atuar na parte de cultivo de plantas, desde que ele seja capaz. Cada um, da sua maneira, vai contribuir para enriquecer, pesquisar, contribuir para os produtores.

Como é hoje o cenário da Zootecnia no Brasil? Quais são as perspectivas da profissão para o futuro?

Marcus Góes: As perspectivas são as melhores possíveis, mesmo dentro do cenário de incerteza que a gente atravessa, não só para a Zootecnia, mas para várias outras profissões.

O que eu sempre costumo ressaltar é que nós que atuamos no setor de produção de alimentos, isso garante a atuação futura do profissional, porque, por mais que venham crises econômicas ou na saúde, como estamos vendo, a população não para de comer, então o campo tem que estar funcionando. O Brasil é um país que tem uma perspectiva enorme para crescimento. Já é um dos maiores produtores de alimento em escala global e essa tendência tende a aumentar.