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Projeto incentiva produção de leite de cabra no Cariri

EXTENSÃO RURAL

Atividade gera renda e é adequada ao clima da região
última modificação: 15/08/2018 08h21
Foto: Geo Brasil Ordenha em cabras é realizada duas vezes ao dia.

Ordenha em cabras é realizada duas vezes ao dia.

Atividade adequada ao clima semiárido do Cariri cearense, a ovinocaprinocultura de leite ainda é pouco conhecida na região. Um projeto desenvolvido pelo campus de Crato do IFCE pretende mudar essa realidade. O objetivo é incentivar produtores rurais a investirem na atividade, que é de baixo custo e pode promover o aumento da renda.

Um dos servidores à frente do projeto, Bruno Rocha de Moura explica que, apesar de caprinos e ovinos serem animais adaptados ao clima da região, os rebanhos no Nordeste são mais voltados para a produção de carne, por uma questão cultural: "A cultura do leite ainda é pouco caracterizada por aqui. Tem-se que a cabra fede e esse leite também fede, mas quando a gente observa a produção em um rebanho orientado, da forma correta, os produtos serão de excelente qualidade".

O projeto deve atuar em toda a cadeia produtiva, a começar pelo melhoramento genético e pelo manejo correto dos rebanhos: "A gente vai trabalhar a porteira, que é dentro da fazenda, com as boas práticas de produção de leite, vai trabalhar o fora da porteira, que são boas práticas para industrialização do leite de cabra, com queijos finos, por exemplo, e também a questão do comércio, com degustação e eventos. Com isso, esperamos alavancar a caprinocultura de leite na região", explica o servidor, que coordena o setor de ovinos e caprinos do campus.

Já há cerca de três anos o campus realiza o melhoramento genético do próprio rebanho e agora colhe os primeiros frutos do trabalho, com as cabras mestiças já produzindo leite. Por meio de uma parceria com a Embrapa Caprinos e Ovinos, de Sobral, que cedeu animais reprodutores, o rebanho leiteiro deve ser ampliado nos próximos meses. A produção ainda não é suficiente em quantidade, mas a ideia é que o leite de cabra e os derivados produzidos no laboratório de caprinocultura e na agroindústria possam ser consumidos no refeitório do próprio campus. Para isso, a equipe do projeto buscará um padrão e uma receita fixa.

O projeto está atualmente na fase de capacitação de estudantes da graduação em Zootecnia que é oferecida pelo IFCE no Crato. Eles trabalham com manejo, melhoramento genético, com a questão ambiental e sustentabilidade da produção e também com a produção de queijos. São seis estudantes e cinco servidores, entre professores e técnicos-administrativos, atuando em conjunto. Nos municípios de Altaneira e Farias Brito, eles já realizam visitas a produtores, com o objetivo de incentivar a produção de leite de cabra. A equipe também está em busca de parcerias para o projeto.

Produtividade
Segundo Bruno, o leite de cabra tem uma produtividade maior em relação ao leite de vaca. Embora uma cabra produza cerca de três litros de leite por dia e a produção de uma vaca possa chegar a 15 litros, os custos da caprinocultura são mais baixos. Uma vaca de 300 quilos precisa, por exemplo, de 12 quilos de matéria seca (o alimento sem água) por dia; já a alimentação de uma cabra de 30 quilos pode ser feita com 900 gramas de matéria seca. O consumo de uma vaca, portanto, equivale a quase dez cabras, um rebanho que produz o dobro de leite – se uma vaca produz 15 litros, dez cabras podem produzir 30 litros. É uma atividade adequada para a agricultura familiar, que pode proporcionar renda diária aos produtores.

Renda
De baixo custo de produção, a caprinocultura de leite é capaz de aumentar a renda do produtor rural. Enquanto o leite de vaca, bem mais comum, vale cerca de R$1 quando não é beneficiado, o leite de cabra chega a valer R$2,60 antes de passar pelo processo. Já o quilo do queijo bovino custa em média R$12, enquanto alguns queijos de cabra podem valer até cinco vezes mais, quase R$70. "O leite de cabra é mais valorizado, por mais que o mercado entenda que esse leite ainda não está disponível", explica Bruno. O leite tem ainda um teor mais baixo de lactose, o que permite que algumas pessoas com intolerância à proteína possam consumi-lo.

Ele conta também que a produção de derivados faz parte do projeto: "A gente busca uma identidade própria, como em Minas Gerais tem o queijo da Serra da Canastra, nós queremos o queijo com identidade do Cariri cearense. Mais na frente, teremos o queijo condimentado com pequi. Queremos agregar algumas ervas da nossa região, para que futuramente possamos levar esse queijo para todo o Brasil".