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Palma forrageira é tema de pesquisa no IFCE Crato

Projeto beneficia produtores da zona rural
última modificação: 08/05/2017 15h31
Exibir carrossel de imagens Foto: Geo Brasil Produtores da comunidade Malhada participaram do encontro

Produtores da comunidade Malhada participaram do encontro

Valorizar o saber tradicional, promover o diálogo dos produtores rurais com as instituições de pesquisa e fazer um diagnóstico da produção da palma forrageira em uma comunidade da zona rural do município do Crato. Esses foram os objetivos do Encontro de Saberes sobre Palma Forrageira, promovido pelo campus de Crato do IFCE na comunidade do Sítio Malhada na sexta-feira (5). Agricultores que já produzem ou pretendem produzir a palma participaram da atividade, que também contou com a presença de estudantes do curso técnico subsequente em Agropecuária oferecido pelo campus.

O encontro foi iniciativa da estudante de Zootecnia Priscila Figueirêdo e faz parte da metodologia de seu trabalho de conclusão de curso. "Minha pesquisa é na área do etnoconhecimento. Vou trabalhar com produtores de palma forrageira para caracterizar o perfil socioeconômico deles e também o perfil dos palmais, saber como eles conduzem, qual o sistema. Além dessas informações específicas da produção da palma, vou tentar investigar os saberes deles sobre a palma forrageira, o que aprenderam com os pais e o conhecimento que nós chamamos de conhecimento tradicional, que é passado de geração em geração", explica ela.

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará, a Ematerce, é parceira no projeto e colaborou na organização do encontro. O órgão já trabalha com a comunidade Malhada, além de desenvolver ações relacionadas à palma forrageira, como o seu uso na produção de doces e sorvetes. Na Índia e no México, por exemplo, a planta é utilizada também na alimentação humana e na indústria de cosméticos.

Durante a atividade, Priscila e outras estudantes de Zootecnia realizaram entrevistas com os produtores para a pesquisa e uma oficina sobre a propagação da palma forrageira pelo método de fragmentação. Para a estudante, conhecer os produtores e os palmais é fundamental para orientar o desenvolvimento de atividades de extensão na região. Além desse diagnóstico, a pesquisa também tem como objetivo repassar conhecimento sobre novas tecnologias de cultivo, para que os produtores possam explorar a palma de maneira mais eficiente.

A pesquisa é orientada pelo professor José Lopes e coorientada pela professora Francinilda Araújo. Segundo Lopes, a palma é rica em água e se adapta facilmente ao clima semiárido, por ser resistente à seca. No Brasil, a planta é utilizada principalmente na alimentação dos animais, que consomem, por meio dela, boa parte da água de que precisam. "A palma é utilizada já há bastante tempo. De uns 15 anos para cá, vem se estudando bastante a palma e a gente vem descobrindo várias coisas que durante muito tempo se acreditava que fosse da forma como era mostrado. Com esses estudos, vem se demonstrando todo o potencial que a palma tem para ser cultivada no semiárido", explica o professor.

Já a professora Francinilda Araújo destaca a importância de promover o diálogo entre o conhecimento científico e os saberes tradicionais: "É tornar importante e dar relevância a esse saber que é construído ao longo das gerações. É o reconhecimento também da importância de se ter o produtor envolvido com as instituições de ensino, pesquisa e extensão. Ainda mais, que sejam articulados os saberes, da academia e do produtor rural, para construir uma nova modalidade de saber que reconheça que não existe saber melhor, mas saberes diferentes".

Produtor de palma há um ano e meio, José Cândido da Silva foi um dos entrevistados pela pesquisa de Priscila. Ele conta que o incentivo do governo e a necessidade causada pela seca o motivaram a cultivar a palma forrageira. Para ele, que já participou de outros encontros sobre a palma, ações como essa ajudam a ampliar o conhecimento e promovem a troca de informações entre os próprios produtores: "A gente começou que nem menino novo que começa a falar. Com um professor, é mais fácil. Mesmo você já sabendo alguma coisa, mas tendo quem lhe ensine fica tudo mais fácil. Você faz mais rápido e faz melhor. Já aprendi muita coisa e tô aprendendo mais ainda".