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Chapada do Araripe é tema do IFCast Crato

MEIO AMBIENTE

Sétimo episódio celebra o Dia do Meio Ambiente
última modificação: 06/06/2020 13h31
Foto: divulgação Chapada do Araripe é o tema do sétimo episódio do IFCast Crato

Chapada do Araripe é o tema do sétimo episódio do IFCast Crato

Para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, o IFCast Crato convidou o professor Patrício Melo e a professora Brisa Cabral para uma conversa sobre a Chapada do Araripe. Neste sétimo episódio, o podcast aborda um pouco da ocupação da Chapada e a importância de sua preservação, além de falar sobre educação ambiental.

Brisa Cabral é bióloga, doutora em Agronomia, permacultora e atualmente professora do IFCE Crato. Já Patrício Melo é doutor em Direito Econômico e Socioambiental, Especialista da UNESCO para o Programa de Geoparques Mundiais, coordenador da Rede de Geoparques da América Latina e Caribe e professor da Universidade Regional do Cariri. O IFCast Crato é apresentado por Alissa Carvalho e Zósimo Mota e editado por Geo Brasil.

Você pode conferir o episódio no Spotify.

Leia abaixo um trecho da entrevista:

O Cariri tem uma relação muito íntima com a Chapada do Araripe. Pra vocês, quais são os principais pontos dessa relação?
Brisa Cabral: Para mim, é importante pontuar as comunidades tradicionais que aqui existem, a começar pelos descendentes do povo Kariri, o povo quilombola e os remanescentes da comunidade do Caldeirão. É a partir dessas comunidades tradicionais que a gente tem uma grande expressão cultural, da dança, da música, do artesanato, da relação com o extrativismo da nossa floresta, com as sementes, com as plantas medicinais, e isso tudo forma o patrimônio imaterial da nossa região. É também a partir dessas comunidades tradicionais que a gente tem um grande exemplo de relação com a natureza, onde a gente vê uma grande riqueza de espécies e diversidade. (...)

Patrício Melo: Eu faria uma pontuação: nós temos os Kariri, que são as etnias que estão alvergadas sob essa denominação de Kariri, que são os homens que primeiro habitaram essa região, e o Cariri mesmo como um lugar. A relação desses dois ícones com a Chapada do Araripe é indissociável. Lembrar que as cidades e os conglomerados habitacionais só existem porque aqui habitaram essas etnias. Mas eles vieram habitar esse espaço geográfico exatamente por conta da biodiversidade, e é aí onde entra a força toda da Chapada do Araripe, situada entre os estados de Pernambuco, do Piauí, do Ceará, especialmente, permitiu que houvesse uma vida tão abundante, não só humana como de outros animais também. A Floresta Nacional do Araripe é um bom exemplo de como as populações cuidam desse patrimônio, criando uma unidade de conservação em torno dessa floresta maravilhosa. (...).

As ações de preservação da Chapada, hoje, são satisfatórias? O que ainda precisa ser feito?
Brisa: A gente precisa entender a diferença de preservação e conservação. A conservação está ligada à questão do usufruto dos recursos ambientais com vistas a não esgotá-los e a preservação trata de deixar os recursos naturais intocados. Quando a gente fala de preservação, fala em traçar ações que primeiro reestabeleçam esse recurso, reestabeleçam a forma como a natureza se apresenta, e depois a gente deixa esse recurso intocado. Aqui no Cariri, a gente tem principalmente as ONGs que trabalham com recuperação de áreas degradadas, que promovem agricultura orgânica, fazendo esse trabalho de preservação da natureza, e também temos as instituições de ensino, como o IFCE, como a UFCA, a URCA. Essa preservação, apesar de todos os esforços dessas instituições, ela é parcialmente atingida, principalmente entendendo que a população não está em conexão com as ações diretamente. (...)


Qual é o papel das instituições de ensino, pesquisa e extensão, como o IFCE e a Urca, nessa jornada de preservação? Como a comunidade científica ajuda a promover o meio ambiente regional?

Patrício: Eu acho que é importante destacar que a criação de universidades públicas no interior do Nordeste, sobretudo, é um desafio que por si já é um ato de grande força, porque não é esse o processo de desenvolvimento comum no Brasil a partir do poder central, que é o governo federal. Em geral, eles querem produzir desenvolvimento onde já tem desenvolvimento iniciado e daí depois crescer, aquela perspectiva infeliz, me perdoe a palavra, dos liberais mais agressivos, que acham que é preciso crescer o bolo para depois dividir. Quando você não tem condições iguais de acesso, não dá para pensar dessa forma. Pensar universidade pública como foi a URCA, a UFCA, no interior do Nordeste já é um ato de grande bravura, porque ambas as instituições já foram criadas com o mote de produzir riqueza no Cariri a partir da Chapada do Araripe e de sua riqueza.  (...).

 

Alissa Carvalho - campus de Crato