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Comunidade recebe curso de produção de mudas de pequi

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Realizada em parceria com a SMDARH, a capacitação é fruto de pesquisa do campus
última modificação: 17/04/2019 12h04
Exibir carrossel de imagens Foto: Graça Duarte Comunidade do Cruzeiro é beneficiada pelo projeto

Comunidade do Cruzeiro é beneficiada pelo projeto

A comunidade de extrativistas de pequi do Sítio Cruzeiro, no distrito de Santa Fé, no Crato, recebe, durante o mês de abril, um curso de produção de mudas da planta. A capacitação é promovida pelo campus de Crato do Instituto Federal do Ceará, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrário e Recursos Hídricos (SMDARH). Vinte extrativistas serão beneficiados com a ação.

O pequi é fonte de renda para muitas famílias do Cariri. O fruto faz parte da tradição culinária da região, é fonte de vitaminas, tem efeito terapêutico e ainda pode ser utilizado na produção de cosméticos. A ação do homem, porém, afeta o surgimento de novas árvores, e a população de pequizeiros da região está diminuindo. Resultado de uma pesquisa desenvolvida pelo campus, a capacitação tem como objetivo contribuir para o reflorestamento da área e orientar a comunidade sobre a importância da recuperação das árvores para garantir a renda das famílias, a continuidade da atividade econômica e o extrativismo sustentável.

Coordenadora do curso, a professora Francinilda Araújo explica que o crescimento natural dos pequizeiros está prejudicado: "Muitos estão envelhecendo e não estão sendo repostos. Há ainda a ocupação desordenada da Área de Proteção Ambiental, que impede a dispersão natural do pequizeiro, feita pelos animais. A nossa preocupação é bem iminente porque o pequi é uma árvore protegida por lei e mesmo assim a gente percebe, pelos relatos dos extrativistas, que tem diminuído cada vez mais". 

A pesquisa que deu origem à capacitação é coordenada pelo professor Ademar Parente. O objetivo é transformar a cultura extrativista do pequi em uma cultura domesticada, aprimorando e adaptando técnicas de produção de mudas para que esse processo seja feito mais rapidamente. O projeto segue o exemplo de estados como Goiás e Minas Gerais, onde a cadeia produtiva do pequi já é mais fortalecida. O caminho a seguir ainda é longo, mas o pesquisador tem boas expectativas: "Em vez de colher pequi só uma vez por ano, o agricultor poderá dizer quando quer fazer a colheita. Por exemplo, podemos induzir a floração e ter duas colheitas ao ano", explica Parente. Agora, a pesquisa busca estabilizar o processo de enxertia: a união de tecidos de duas plantas diferentes, que continuam o crescimento como uma única planta. O processo acelera o crescimento da muda e facilita a propagação.

Uma das técnicas aperfeiçoadas pela pesquisa, por exemplo, é a de quebra da dormência, ou seja, a abertura do fruto e a retirada da semente de forma manual. Os pesquisadores do IFCE aprimoraram a técnica de abertura para que seja feita de forma caseira, com instrumentos adaptados e de baixo custo, barateando o custo de produção das mudas. Com a quebra e o uso de hormônios de indução, eles já conseguem fazer com que a germinação aconteça entre 10 e 60 dias do plantio. Quando não há interferência humana, é preciso esperar cerca de um ano para que haja a decomposição natural das camadas do fruto e a semente germine. É essa técnica que está sendo ensinada aos extrativistas. 

O estudante de Zootecnia Jouynbert Rodrigues é bolsista no projeto de pesquisa e monitor no curso de capacitação ofertado para a comunidade. Ele repassa para os extrativistas a técnica inovadora que ajudou a desenvolver, com o professor Ademar, durante a pesquisa: "Esse trabalho é uma forma de expandir o conhecimento que a instituição proporciona para a gente, como aluno. A gente procurou tornar o processo mais simples possível. Com exceção do hormônio de crescimento, todo o material de produção o agricultor tem em casa", conta ele, que participa da pesquisa há dois anos.

Rede de projetos
A pesquisa do professor Ademar Parente e a capacitação dos extrativistas fazem parte de uma rede de projetos ligados ao pequi e desenvolvidos pelo campus de Crato do IFCE, em parceria com outras instituições do Cariri, como a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrário e Recursos Hídricos e a Embrapa. A ideia é implantar uma usina de processamento do fruto na zona rural do Crato, para produzir polpa e óleo de melhor qualidade, agregando valor aos produtos e fortalecendo a cadeia produtiva do pequi na região.