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Evento promove reflexões sobre seca e literatura
A aula pública intitulada “O Quinze: Seca no cotidiano e na literatura”, realizada nesta quinta feira (26), no campus de Crateús, possibilitou uma série de reflexões sobre a problemática que aflige a região. A inspiração central foi o centenário da grande seca de 1915, que abalou o sertão nordestino e influenciou a escritora Raquel de Queiroz na obra que se tornou um marco da literatura brasileira. O evento contou com a participação da jornalista Edwirges Nogueira (Agência Brasil/EBC), do professor Paulo Giovani (Resab - Rede de Educação do Semiárido Brasileiro) e do professor Wellington Costa (IFCE). Na ocasião, foram intercaladas abordagens do romance O Quinze com fatos da realidade concreta da região.
Sobre o aspecto literário, o professor Wellington Costa abordou a densidade dos léxicos utilizados no romance O Quinze, pinçando alguns exemplos que, na obra de Raquel de Queiroz, tentam retratar os aspectos trágicos da realidade vivenciada no semiárido nordestino. Além disso, ele fez um breve paralelo histórico no âmbito das medidas que, na sua opinião, tem sido inócuas para solucionar a problemática, sendo necessário, sobretudo, maior investimento na educação e na geração de renda, suportes para que as pessoas realmente possam desenvolver sua autonomia econômica e política.
Já o professor Paulo Giovani destacou as transformações que ocorreram na relação do homem com as intempéries da natureza. A despeito da impossibilidade de mudança da realidade climática, ele destacou a necessidade de implementação de tecnologias que amenizem o sofrimento da população, permitindo uma convivência sustentável em meio a esse quadro.
Por sua vez, a jornalista Edwirges Nogueira levantou alguns aspectos que ela vivenciou quando da realização de uma reportagem especial para a Agência Brasil, intitulada “Sertão Vivo – A luta pela convivência com o semiárido, um século depois da seca de 15”. Uma das reflexões colocadas por ela refere-se à necessidade de conscientização da população quanto aos seus direitos, para evitar o uso eminentemente político de ações que são, na verdade, uma obrigação do Estado. A jornalista salientou também que as consequências da seca na região apresentam níveis diferenciados de acordo com o poder aquisitivo da população, afetando de forma mais trágica as camadas menos favorecidas economicamente.
Imagem: Palestrantes expuseram variadas reflexões sobre a problemática da seca (Foto: Elinaldo Rodrigues)
Elinaldo Rodrigues – Campus de Crateús