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Crateús: Estudo aborda resistência da vegetação nativa no semiárido
Uma pesquisa realizada no campus de Crateús está avaliando os efeitos climáticos no desenvolvimento de espécies da vegetação nativa da caatinga. O estudo trata especialmente do impacto dos estresses em plantas nativas, provocados pelo excesso de sais e pouca água no solo, situação típica de regiões expostas a altas temperaturas e ausência de chuvas, como se constata no semiárido brasileiro.
O projeto intitulado "Efeitos dos estresses salino e hídrico sobre a germinação e correlação com a produção de biomassa em espécies nativas da caatinga" foi aprovado no Programa de Bolsas de Produtividade em Pesquisa e Estímulo à Interiorização, da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). As atividades tiveram início em maio de 2016 e seguem até maio de 2018.
O estudo partiu da carência de informações sobre os mecanismos de adaptação de sementes de espécies nativas, do semiárido nordestino, às condições de restrição hídrica e salinidade no solo, e como essas sementes conseguem iniciar o desenvolvimento vegetativo em seu ambiente natural.
O trabalho tem à frente as professoras Nara Lídia Alencar e Sâmia Paiva de Oliveira, ambas do IFCE. Conta também com a colaboração dos professores Enéas Gomes Filho e Maria Izabel Gallão, da Universidade Federal do Ceará (UFC), além do técnico em Agropecuária Valdênio Mendes Mascena (IFCE – campus de Crateús) e dos estudantes Francisco Igo Rodrigues, Rafaela Magalhães Dias Carvalho, Marcos Rafael de Sousa Rodrigues e Maria Aline Alves Mota, alunos do curso de Zootecnia do campus de Crateús.
Informações inéditas sobre o bioma
A pesquisa é focada em espécies arbóreas nativas da Caatinga pertencentes à família Fabácea, por esta se destacar como uma das mais representativas na região e com maior quantidade de tipos endêmicos, em especial a Sabiá e a Jurema, que são tradicionalmente utilizadas para produção de lenha e como alimento para os animais, sobretudo na época de seca. Até o momento, o trabalho revela que algumas espécies germinam bem, mesmo em condições de estresse elevado. O propósito agora é analisar as características que favorecem a tolerância a essas adversidades.
Na avaliação das pesquisadoras Nara Lídia Mendes e Sâmia Paiva de Oliveira Moraes, o entendimento sobre isso poderia colaborar com a elaboração de planos sustentáveis de exploração das espécies estudadas, a partir de informações inéditas sobre o bioma. “Além de identificar os mecanismos de resistência ocorrentes nessas espécies, poderia direcionar atividades de exploração e projetos de recuperação de áreas degradadas”, considera.
Quanto à acessibilidade aos resultados, a expectativa é que o projeto favoreça a produção de artigos científicos e sua conseqüente publicação em revistas especializadas na área. Com isso, os pesquisadores esperam estimular o estudo da riqueza do bioma caatinga, que ainda tem um vasto potencial para a exploração científica.
Elinaldo Rodrigues – Campus de Crateús