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Campus de Iguatu completa 65 anos reafirmando compromisso com a educação
“A escola é assim… quando penso nela, penso num lugar de amor, de parceria, de realização”, começa Helba Araújo, professora aposentada do campus Iguatu do IFCE. Ela iniciou os estudos na Escola Agrotécnica Federal de Iguatu (EAFI) no ensino médio e queria fazer o curso técnico em Agropecuária. Porém, como naquela época havia uma restrição estrutural para que mulheres pudessem participar das aulas, Helba optou pelo curso de Economia Doméstica. “Ainda assim foi um curso belíssimo que ainda hoje me traz lições de economia, engenharia de arquitetura, de dietas nutricionais. Era um curso muito enriquecedor, pra vida e pra profissão”, conta. Por ser bolsista, a ex-servidora participava de muitas atividades extras que a permitiram acompanhar de perto com os profissionais.
Esse ambiente acolhedor também fez parte da história de Ivam Holanda, que acumula uma trajetória dentro da instituição. De aluno da primeira turma do curso técnico em Agropecuária (em 1981) na EAFI, Ivam passou pelos cargos de professor d, coordenador de produção de Olericultura até chegar a diretor-geral do campus Iguatu. “Durante esse período, acompanhei as mudanças que aconteceram desde a Escola Agrotécnica até se tornar campus Iguatu. E elas foram muitas durante 65 anos, começando lá com os cursos de extensão em Economia Doméstica até hoje com o número de matrículas que temos no campus. Quando era Colégio de Economia Doméstica Rural, tínhamos em torno de 120 alunos. Hoje a gente ultrapassa mais de 1.500 estudantes. Grandes mudanças que aconteceram nesse período. Não foi só a mudança de nomes”, lembra.
Entre as principais mudanças por quais passou a EAFI ao longo dos anos, estão a criação de novos cursos técnicos, cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), o curso de Tecnologia em Irrigação e Drenagem e, após a transformação em Instituto Federal, foi possível também implantar cursos de graduação, trazendo à região Centro-Sul a possibilidade de formação de nível superior nas áreas de Química e Serviço Social. Com o aumento significativo do número de matrículas, à época atendendo 37 cidades, o Instituto, segundo Ivam, ajudou no desenvolvimento local ao formar um maior número de profissionais para atuarem no interior cearense, gerando emprego e renda. “(O IFCE) movimenta o comércio da cidade, porque a instituição também tem um custeio, um orçamento muito grande e isso tudo é revertido em prol do desenvolvimento da região”, defende. Atualmente Ivam Holanda é pró-reitor de gestão de Pessoas do IFCE.
O crescimento regional também é destacado pelo ex-aluno da EAFI e atual diretor do campus avançado de Mombaça, Eudes Bandeira, que entende a ampliação do número de unidades do Instituto Federal no Ceará como uma oportunidade para as pessoas estudarem sem precisar longos deslocamentos para grandes centros. “Foi a oportunidade que muitas pessoas, que jamais teriam a opção de fazer um curso técnico de qualidade, uma instituição pública, gratuita e também curso superior de permanecerem aqui e serem oportunizados com esse nível de qualificação. Então pra muita gente, se não fosse a escola agrotécnica, certamente não teriam galgado a verticalização dos estudos”, diz.
Foi o que aconteceu com Jerry Adriano, 18, estudante do curso de Licenciatura em Geografia, cuja família é de agricultores. “Nosso campus é um marco na nossa região, principalmente na cidade do Iguatu, há 65 anos. Meus avós me contaram sobre de a inauguração da instituição”, diz. Para ele, a formação de profissionais e o desenvolvimento da pesquisa acadêmica ajuda no avanço da sociedade. Opinião compartilhada por sua colega de curso, Maria Jackeline de Lima “Eu considero que a universidade pública é de grande importância, não só na vida dos estudantes como na vida da sociedade como um todo”, como exemplo, ela cita o grupo de pesquisa Laboratório de Estudos, Pesquisa e Extensão no Ensino Médio, que tem como um dos objetivos aproximar a produção acadêmica das licenciaturas do chão da escola, observando os impactos na Lei do Novo Ensino Médio e ajudando a promover a implementação de uma política educacional sob o horizonte da educação pública, gratuita, laica, plural, popular e de controle social.
Com tantas transformações ao longo de 65 anos, é possível perceber o ponto em comum dessas histórias: de que a sociedade, as tecnologias e ideias mudam, menos o poder do diálogo, a conexão entre as pessoas e a importância da produção de conhecimento para superar os desafios de nossos tempos.