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Pesquisa de professora de Caucaia trata sobre as relações raciais no sistema formal de ensino
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Refletir sobre como o sistema educacional brasileiro é eminentemente eurocêntrico, priorizando saberes ocidentais em detrimento de outros saberes como os dos povos tradicionais e afro-brasileiros. Esse é o objetivo da pesquisa “Educação, epistemicídio e relações raciais no sistema formal de ensino”, desenvolvida pela professora Mariana da Silva de Lima (IFCE Caucaia), e que acaba de ser publicada no livro “Desenvolvimento e Educação”, da Editora Aya, com realização da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
“Esse assunto ainda é muito recente, mas já vem ganhando espaço no meio acadêmico à medida que a população negra conquista seu lugar na academia. O termo "espistemicídio" foi criado pelo pesquisador e autor português Boaventura de Sousa Santos. A partir dele, outros autores como Sueli Carneiro, Aza Nejri e Renato Noguera começaram a escrever sobre o tema”, explica a docente, que atualmente cursa doutorado em Ciências da Educação na Universidade de Évora, em Portugal.
A pesquisa foi selecionada pela UERJ para compor o livro após a participação da professora em um curso da instituição. “Participei do curso de Aperfeiçoamento em Desenvolvimento e Educação Theotônio dos Santos, em 2021, na UERJ, de forma remota devido à pandemia, e financiado pelo Sindsifce. Ao final, os cursistas apresentaram um artigo e alguns deles foram selecionados para compor esta obra”, ressalta.
A pesquisa é constituída por uma revisão bibliográfica que sistematiza os trabalhos existentes sobre o tema. “Pesquisas que tratam das questões raciais na educação são importantes, pois todas as nossas relações sociais são pautadas na questão racial. Isso ocorre dentro e fora da escola, portanto é essencial dialogarmos como podemos corrigir as injustiças raciais do nosso país também dentro do âmbito educacional”, afirma ela.
Integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) do campus de Caucaia, ela considera essencial a atuação do núcleo para fomentar o diálogo sobre a valorização da diversidade de saberes. “Os Neabis são um passo importante nesse diálogo. Meu desejo é que as instituições de ensino deem cada vez mais espaço para as ações destes núcleos, e que elas sejam ampliadas para todas as demais esferas institucionais”, conclui.
O livro está disponível no site https://ayaeditora.com.br/Livro/23048/