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Judô une mãe e filha no tatame em Canindé
DIA DAS MÃES
A rotina da agente de saúde Alderlane Vieira, 49 anos, mudou bastante desde setembro do ano passado. Na correria do dia a dia, entre os acompanhamentos na comunidade e as atividades como dona de casa, ela passou a levar a filha caçula aos treinos de judô no campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará.
“Duas conhecidas participam do projeto e convidaram pra conhecer. Eu gostei, me interessei e a gente continuou vindo”, lembra Ana Karolina Vieira, 13 anos, estudante do 8º ano do Ensino Fundamental. “Eu sempre achei judô muito interessante, mas eu nunca me imaginei fazendo. Foi meio surpresa, mas eu fiquei bem empolgada pra vir”, revela.
“Aí fiquei sempre acompanhando. Era raro um dia que eu não viesse!”, conta Alderlane ou, como é conhecida, Sinhá. Toda segunda, quarta e sexta, no intervalo do almoço, Karol vestia o quimono e subia o tatame na quadra do IFCE, enquanto sua mãe observava tudo, sentada nas arquibancadas.
De lá, ela também estava sendo observada, principalmente quando as dores no corpo começavam a incomodar e Sinhá se inquietava, tentando encontrar uma posição confortável. Até que Júnior Macedo, um dos senseis hoje responsáveis pelo projeto, percebeu a movimentação e a convidou para participar da prática.
“Eu disse: ‘não, meu corpo não permite’. Aí ele disse: ‘que conversa é essa, vamos alongar e daqui a pouco você vai estar dando cambalhota aqui!’ e eu respondi ‘duvido muito’, mas como eu não sou de ter medo das coisas, eu enfrentei”, conta Sinhá. Desde então, mãe e filha não somente vão juntas para o treino de judô: elas vivem juntas a arte marcial do caminho suave. Tanto é que, em abril de 2023, as duas passaram juntas pelo exame e hoje são faixa-azul.
EFEITOS DO CAMINHO SUAVE
Para Sinhá, o judô virou uma paixão compartilhada com a filha. “Eu acho que o judô só nos aproximou cada vez mais, porque agora a gente troca figurinhas, né?”, diz. Além disso, as consequências da prática de exercício físico já podem ser sentidas. “A gente tá vendo que o judô não tem idade e eu vejo como uma competição comigo mesma. Eu entrei no projeto muito dura, precisando de ajuda para me sentar no tatame, pra me levantar e agora já estou fazendo isso sozinha”, comemora.
Ana Karolina, por sua vez, enxerga no judô uma oportunidade de crescimento pessoal. “No tatame a gente tem muito companheirismo e está sempre se ajudando. Isso ajuda muito no nosso desenvolvimento e foi muito bom pra mim. E eu também sou uma pessoa muito estressada, tenho pavio muito curto e na minha opinião melhorou muito a minha paciência”, afirma.
CAMINHO SUAVE EM CANINDÉ
O campus de Canindé mantém desde 2013 o projeto de extensão de judô, criado pelo professor Eduardo Pereira e hoje mantido pelos senseis Emanuel Alves, Júnior Macedo e Mabell Viana. A ação oferece gratuitamente às comunidades interna e externa a chance de praticar o esporte. Para participar basta comparecer a uma das aulas, sem necessidade de inscrição prévia; os encontros são realizados às segundas, quartas e sextas na quadra poliesportiva, das 12h às 13h30. Não é preciso possuir quimono no início dos treinos.
Andressa Souza – campus Canindé