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Canindé: cerimônia celebra trajetória de alunos
Colação de grau
Campus de Canindé formou profissionais nos cursos de Educação Física, Gestão em Turismo e Redes de Computadores
Mesmo do lado de fora do auditório era possível ouvir as dezenas de vozes entoando unidas, acalentadas pela batida das palmas e ritmadas pelo som do berimbau, um dos instrumentos mais antigos da humanidade: “É tanto que eu peço a Deus, é tanto que Deus me dá, é tão pouco o que eu mereço, mas nada me faltará”. O trecho é refrão de uma música de capoeira que remete à generosidade e à gratidão, emoções que resumem a colação de grau realizada na noite de ontem (7) no campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará (IFCE).
Ao todo, 36 novos profissionais estão oficialmente aptos a entrar no mercado de trabalho, formados pelos cursos de Licenciatura em Educação Física (13), Tecnologia em Gestão de Turismo (18) e Tecnologia em Redes de Computadores (5). Os graduados compareceram à cerimônia acompanhados por pais, companheiros, familiares e amigos; os servidores docentes e técnicos-administrativos do campus de Canindé também estiveram presentes, além do prefeito municipal, Celso Crisóstomo, e seu chefe de gabinete.
“Hoje estamos aqui cumprindo mais uma etapa em nossas vidas. Nesse tempo de convivência diária, aprendemos a relevar as nossas diferenças. A cumplicidade então foi progredindo e por tantas vezes, de mãos dadas, caminhamos para o mesmo destino lado a lado, lutando contra os mesmos obstáculos, rindo e comemorando os mesmos motivos”, lembrou Francisco Rodésio Silva de Freitas, orador das turmas e tecnólogo em Gestão de Turismo. “Hoje estamos aqui prestando contas a todos aqueles que com amor, com um gesto de confiança ou uma palavra de incentivo, nos confortaram e nos deram força para seguir em frente. Esse sonho não é somente nosso, mas de todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para que ele se tornasse realidade.”
“Gosto muito da citação de Paulo Freire que diz: ‘A educação não transforma o mundo. A educação muda pessoas; pessoas transformam o mundo’. Já que somos agentes transformadores, os convido para fazer desse mundo um lugar melhor para viver e conviver. Sejamos mais generosos, tenhamos mais compaixão, exercitemos mais a solidariedade e busquemos a felicidade”, desejou o professor Andreyson Calixto, paraninfo do curso de Educação Física.
Desafios
Em seu discurso aos formandos, o professor Andreyson Calixto valorizou os desafios enfrentados pelos alunos para concluir seus cursos, desde as noites insones estudando às dificuldades financeiras para se manter em outra cidade. Quando citou os casos dos alunos que são “adotados” pelas famílias dos colegas, a licenciada em Educação Física Daniela Pereira virou-se imediatamente na poltrona e sorriu para a amiga sentada atrás: “Nós”, disse ela.
Daniela ficou conhecida em sua turma como Madalena, nome da cidade onde morava no início do curso, localizada a 69 km de Canindé. Todos os dias o final da aula marcava uma nova aventura à beira da estrada em busca de caronas para voltar. Quarta de cinco filhos de um casal de agricultores, Daniela veio de uma família humilde que a incentivava a estudar, mas que não tinha condições de mantê-la em outro município. Foi quando, no segundo semestre do curso, veio o convite da amiga e colega de sala Marina: “pode dormir lá em casa se quiser”. A princípio, eram apenas dois dias. Logo se tornou de segunda a sexta e Daniela só voltava para a casa dos pais aos fins de semana. Hoje, as famílias das duas amigas são uma só.
“Foram três anos de muita luta, mas eu não me arrependo de nada, faria tudo de novo”, garante Daniela. “É um momento muito especial. É uma sensação de superação, de vitória e, ao mesmo tempo, de saudade, de deixar aquilo que eu vivi durante esse tempo todo. É como se ficasse um pedacinho de mim aqui. Vai fazer muita falta”.