Canindé debate participação feminina em movimentos sociais

“Não é comum para uma mulher negra estar aqui nesse lugar de fala”. Com um sorriso no rosto para uma afirmação séria, assim falou Cícera Barbosa, professora da rede estadual e militante do movimento social de mulheres negras Inegra, na abertura da palestra “Mulheres e movimentos sociais: por um 8 de março de resistências e coletividades”, realizada na última quinta-feira (9).  

O debate integrou a programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher do campus de Canindé do Instituto Federal do Ceará (IFCE). Dentre os tópicos abordados, estiveram feminismo, machismo, homofobia e violência contra a mulher. “O Brasil é o país que mais mata mulheres na América. A cada 12 segundos, uma mulher sofre violência, com 65 mil registros em 2016”, elencou a palestrante.

Cícera destacou a importância da organização enquanto coletivo para luta de causas próprias, lembrando casos e pautas colocados em discussão após pressão de movimentos sociais ou grupos. “A gente tenta sensibilizar e fazer com que eles [alunos] entendam que, parados, as coisas vão continuar do jeito que estão ou piorar. Talvez se mexer seja a saída [da mudança]”, explica.

Professora há oito anos, Cícera Barbosa também ressaltou a importância da escola como ambiente de desconstrução de preconceitos. “A gente tem esperança de que a educação seja esse espaço de transformação, mas a gente também sabe que é um espaço limitado. É um desafio! Quem está no movimento social e está na educação está acostumado, mas eu e outras mulheres encaramos esses enfrentamentos como uma missão, e é o que a gente faz cotidianamente, seja na nossa sala de aula, no movimento social ou em outros espaços de formação”, conta.