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Aluno cego defende TCC em Educação Física

Acessibilidade e inclusão

Erenildo Souza é o primeiro estudante com deficiência visual a concluir uma graduação no campus Canindé
última modificação: 09/05/2017 15h23

Antes de dobrar um corredor, o som característico anuncia a chegada de Eron: o tec-tec ritmado de sua inseparável bengala, tocando o chão à frente e reconhecendo o percurso, construindo na cabeça do jovem cego um caminho seguro para percorrer. O destino final é a sala de aula onde, após anos de estudo e esforço, vai defender seu trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Educação Física e se tornar o primeiro estudante com deficiência visual a concluir uma graduação no campus de Canindé do IFCE.

Erenildo Souza, carinhosamente conhecido como Eron, mudou-se de Fortaleza para Canindé com o único propósito de estudar. O curso de Educação Física era um sonho antigo do garoto apaixonado por esportes que torcia para, um dia, poder trabalhar nessa área, à revelia de sua deficiência. Para conquistar esse objetivo, o primeiro desafio era cursar a graduação.

Para isso o campus Canindé precisou se adaptar, tanto quanto à acessibilidade física, fornecendo impressora Braile e computador com leitor de tela, como também comportamental. Eron destaca o valor da boa comunicação e o fato de ter sido ouvido pela gestão do campus e por seus professores, que buscaram entender suas necessidades para ajudá-lo. “Foram conquistas que... ao longo do tempo, a direção do campus foi se sensibilizando para poder facilitar o meu acesso. Nesse ponto eu destaco também as lutas dos professores, que procuraram conversar comigo para que eu pudesse repassar as minhas dificuldades em relação às aulas, buscando sempre o melhor para que eu pudesse ter o máximo de informações das disciplinas”, relata o estudante.

A professora Thaidys Monte, orientadora de Eron no TCC, lembra que o processo de adaptação passou por muitas barreiras, mas que, em compensação, o aprendizado para ambos os lados foi enorme. “Eu me sinto muito realizada enquanto professora. Uma das experiências mais emocionantes da minha carreira docente, sem sombra de dúvidas, foi esse momento de ter orientado o Eron, com a sua deficiência visual e todas as dificuldades que a gente enfrentou, mas que a gente enfrentou junto”, comenta.

O trabalho de conclusão de curso desenvolvido por Eron foi uma pesquisa sobre a inclusão de pessoas com deficiência nas aulas de Educação Física em escolas estaduais do município de Canindé, seus limites e também suas possibilidades. A análise proporcionou também uma reflexão comparativa com a realidade vivida pelo próprio estudante no campus do IFCE. “A diferença que eu percebo é que no campus há uma maior discussão: existem debates, palestras, seminários, oficinas e projetos voltados para pessoas com deficiência”, avalia.

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Assunto(s): Educação