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Aluno autista de Jaguaribe exibe potencial artístico
Arte e cultura que levam à inclusão também são premissas do Instituto Federal do Ceará (IFCE) promovendo o envolvimento dos estudantes em projetos que estimulem suas potencialidades como parte das atividades acadêmicas. No campus de Jaguaribe da instituição, um aluno em especial destacou-se pelas expressões artísticas em desenhos que têm ganhado visibilidade após a veiculação de um vídeo com suas produções.
O estudante Alexandre Rodrigues Vieira Neto, do curso técnico em Informática para Internet de Jaguaribe, é autista e artista! Ele tem experimentado o reconhecimento de suas habilidades após o professor Marcos Vieira, da disciplina de Sociologia, apaixonar-se pelos traços fortes e marcantes do aluno no papel. O docente roteirizou um vídeo de pouco mais de três minutos com parte dos desenhos de Alexandre, sob a temática Negrarte.
Com a divulgação nas redes sociais autorizada pelos responsáveis por Xandoca – nome artístico de Alexandre com o qual assina as obras –, o professor Marcos, que também é fotógrafo, teve bastante retorno de outras instituições da Rede Federal interessadas em replicar o conteúdo do vídeo. O projeto faz parte das ações do Núcleo Audiovisual de Jaguaribe (Naja), coordenado pelo docente, do qual Xandoca já é integrante.
“Meu interesse pelo Alexandre é exatamente a percepção de que é um grande artista. Percebi seu talento em sala de aula a partir de outros materiais. Foi aí que focamos no tema da beleza negra e obtivemos esse maravilhoso resultado. Vai ser muito bom tê-lo no Naja. Ele já está inclusive produzindo uma segunda exposição artística que abordará exatamente aspectos da região de Jaguaribe”, diz Marcos.
Nesse momento, em razão do isolamento social por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, Xandoca está tendo aulas remotas juntamente com os colegas de turma. Por mensagem de voz, ele falou do contentamento com as notícias da repercussão alcançada pela veiculação do vídeo com sua obra de arte: “Estou emocionado e até sem palavras para descrever o tamanho da felicidade. Agradeço a oportunidade de divulgar minha arte”.
Ao professor, o aluno recém-ingresso na instituição manifestou a satisfação de estar vivendo essa nova experiência em uma mensagem emocionante e cheia de delicadeza: “Estou muito agradecido pela oportunidade que está me dando. Nunca fui de divulgar minha arte, pois sempre tive vergonha. Mas, agora que o senhor abriu essas portas pra mim, estou muito disposto a ajudar no IFCE do jeito que puder. Agradeço demais”.
Ensino inclusivo
O campus de Jaguaribe é um retrato do ensino inclusivo e de qualidade que o IFCE tem promovido em todo o Estado do Ceará. A pedagoga Brasilina Saldanha, que compõe o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) da unidade, ressalta o comprometimento da instituição no acolhimento a essas demandas mediante o trabalho de uma equipe multiprofissional empenhada nesses atendimentos.
“Em Jaguaribe, realizamos uma verdadeira parceria envolvendo campus, família e aluno no processo inclusivo dos estudantes. Temos gerado oportunidades para essas pessoas com um olhar atento e diferenciado. Desde quando recebemos a matrícula, o Napne já se reúne e promove a formação dos docentes para conhecerem as deficiências e as formas de lidarem com cada uma delas”, diz Brasilina.
Depois disso, permanece um trabalho contínuo de avaliação das possibilidades de aprendizagem que é repassado aos professores de acordo com as potencialidades e necessidades de cada estudante, com o intuito de conduzir adequadamente as estratégias de atendimento. A pedagoga destaca que o sentimento de satisfação dos familiares e responsáveis por esses estudantes com a atuação do IFCE é notório.
“A gente percebe como consideram excelente o ambiente educacional da instituição. Nossos docentes abraçaram a causa da inclusão que já vem sendo desenvolvida com outros estudantes com deficiência física (tetraplegia), visual, intelectual e transtornos de aprendizagem. Temos um atendimento diferenciado que proporcionou inclusive a adesão unânime deles às aulas remotas durante a pandemia, pela confiança que têm no IFCE”, garante Brasilina.
Deborah Sampaio – Reitoria