Notícias
Pesquisas estimulam produção de cacau no Ceará
Vale do Jaguaribe
Equipe de estudantes e professores participantes das pesquisas
Professores e estudantes do campus de Limoeiro do IFCE, em parceria com empresas e produtores locais, estão desenvolvendo pesquisas sobre cultivo e beneficiamento do cacau. O objetivo é incentivar a produção do fruto no Vale do Jaguaribe, com a padronização do processo fermentativo e fabricação de chocolate.
Início
O plantio de cacau na região começou em 2010, por produtores da União dos Agronegócios no Vale do Jaguaribe (UniVale). Numa área de três hectares, houve uma produtividade em torno de três mil quilos de amêndoa por hectare ao ano, valor maior que a produção média na principal região produtora do Brasil, no Sul da Bahia, que chega a 350 quilos hectare ao ano.
O professor Pahlevi Souza aponta que esse aumento de produtividade representa até cinco vezes o valor observado em zonas florestais. “A planta apresenta desenvolvimento maior e mais rápido quando comparado às áreas tradicionais de cultivo, como em Ilhéus e Itabuna. Isso é possível devido a aplicação de novas técnicas de irrigação, fertirrigação, manejo e material genético melhorado”, justifica o professor.
Agora a ideia é aumentar a lucratividade para os produtores rurais. O consultor da empresa D H Abrantes Sarmento ME, Diogenes Sarmento, esclarece que, por ser uma comodite, o preço da amêndoa de cacau oscila mediante oferta do produto e câmbio do dólar diário. “Para aumentar a lucratividade é preciso transformar a amêndoa em produto final: chocolate. Desse modo há um incremento de 150% no valor.”, complementa o consultor.
Novas pesquisas
As novas pesquisas buscam definir o processo fermentativo da amêndoa de cacau para aumentar o valor agregado do produto. “As pesquisas irão estabelecer o processo fermentativo padrão, para que os produtores rurais possam aplicar a técnica ainda no campo, reduzindo as perdas decorrentes de transporte e contaminação por fungos, já que o produto fermentado é mais estável”, explica a professora Mayara Salgado.
Outra vertente da pesquisa é a formulação de chocolate com a adição de plantas nativas, como maracujá, cajá, e até palma forrageira. A professora Rejane Maia destaca que o objetivo é agregar valor comercial e financeiro, atingindo o público interessado em produtos exóticos e funcionais. “Todo produto desenvolvido passará por análises sensoriais, coordenadas pela professora Marlene Damaceno, para determinar o nível de aceitação do público”, ressalta a professora Rejane.
Incentivos e financiamentos
Para que todas essas pesquisas sejam desenvolvidas, os professores aprovaram projetos junto a editais de fomento, como da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Já houve aprovação nos editais do Programa de Apoio a Projetos de Implantação de Infraestrutura Física e Custeio para a Pesquisa e Inovação (Proinfra), e nos programas institucionais de Iniciação Científica (Pibic), Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr) e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti).
O projeto mais recente foi aprovado no edital do Programa Inovafit da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap). Como o Inovafit apoia empresas que buscam a inovação, o projeto ratifica a parceria da empresa de consultoria D H Abrantes e professores e alunos do campus de Limoeiro, para a produção do produto no mercado local. “Nós estamos nas salas de aulas e laboratórios procurando trabalhar com as necessidades reais da indústria”, defende a professora Mayara Salgado, coordenadora técnica do projeto.
Com os recursos recebidos, serão adquiridos os equipamentos necessários para as pesquisas de beneficiamento da amêndoa e fabricação de chocolate. A primeira fase da pesquisa tem cronograma de seis meses, de julho a dezembro deste ano. Atualmente os alunos Pedro Felipe, do curso Tecnologia em Alimentos, e Lilian Kelly, do curso Técnico em Panificação, encontram-se em treinamento na Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac-Bahia), para trazer conhecimento para o desenvolvimento do projeto.