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Professor recebe patente com processo de extração de polímero natural

Inovação

Luiz Paulo é doutorando na Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa)
última modificação: 29/10/2024 14h10
Foto: Analice Sousa/Assecom Pesquisador Luiz Paulo de Oliveira Queiroz no Laboratório de Pós-Colheita da Ufersa

Pesquisador Luiz Paulo de Oliveira Queiroz no Laboratório de Pós-Colheita da Ufersa

As diversas possibilidades de utilização do alginato, um produto extraído da alga marrom (Dictyota mertensii) levou ao trabalho de pesquisa de doutorado do professor Luiz Paulo de Oliveira Queiroz. A ideia foi desenvolver um processo mais barato e mais eficiente de obtenção desse material, que é um biopolímero de alto valor comercial. A inovação resultou em patente concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), no dia 22 de outubro.

O docente conduz a pesquisa no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema), da Universidade Federal Rural do Semi-árido (Ufersa), sob orientação do professor Ricardo Leite, coorientação da professora Edna Aroucha e participação do professor Francisco Klebsona, todos pesquisadores da Ufersa.

“Nós percebemos que essa alga não era muito explorada, mas já sabíamos de alguns potenciais interessantes dela, como a presença do alginato, que é um biopolímero de excelente valor comercial com várias aplicações na área alimentícia, farmacológica, ondontológica…”, enumera o doutorando Luiz Paulo de Oliveira Queiroz.

Entre os anos de 2021 e 2023, ele realizou uma pesquisa de campo na praia de Ponta Grossa, em Icapuí (CE), e em laboratórios do campus de Mossoró da Ufersa. O trabalho foi orientado pelo professor Ricardo Henrique de Lima Leite e coorientado pela professora Edna Maria Mendes Aroucha, ambos do Centro de Engenharia do campus de Mossoró. Além deles, o professor e pesquisador Klebson Gomes dos Santos, do Departamento de Ciências Naturais, Matemática e Estatística, também atuou e colaborou com a pesquisa.


 

O processo criado na Ufersa permite o aproveitamento de até 30% de biopolímero do volume total de algas coletadas, resultando em alginato de alta qualidade. “Até então, os métodos disponíveis conseguiam chegar a 10% de aproveitamento, mas utilizando processos que não eram viáveis para aplicação em grande escala ou que seriam muito caros para serem replicados”, detalha o doutorando Luiz Paulo de Oliveira Queiroz.

Na Ufersa, o grupo de pesquisadores já aplica o alginato em outras pesquisas. “Essa é uma matéria prima que serve como base para o desenvolvimento e aplicação de embalagem biopolimérica destinada a alimentos, desenvolvida durante as nossas pesquisas em inovação e tecnologias sustentáveis”, afirmam os professores Edna Aroucha e Ricardo Leite

Alternativa sustentável

“O uso de biopolímeros extraídos de algas marinhas não só oferece uma alternativa verde aos materiais à base de petróleo, como também fortalece o Brasil no cenário da bioeconomia mundial, colocando o país como referência na pesquisa e inovação em tecnologias sustentáveis”, afirma Luiz Paulo Queiroz.

“Esse marco demonstra que é possível unir ciência de ponta com soluções que promovem um futuro mais sustentável e equilibrado, em sintonia com as demandas globais por práticas ecológicas e responsáveis”, complementa.

Repercussão Internacional

Além de ter obtido uma patente, a pesquisa também contabiliza publicações em periódicos de relevância internacional. O artigo Optimization of novel sustainable Dictyota mertensii alginate films with beeswax using a simplex centroid mixture design (ou Otimização de novos filmes sustentáveis ​​de alginato de Dictyota mertensii com cera de abelha usando um projeto de mistura de centróide simplex”, em tradução livre), foi publicado no dia 24 de outubro no periódico Food Hydrocolloids (Qualis A1, JCR 11,0, CiteScore 19,9). “Esta revista é a quarta mais relevante do mundo na área de Ciência de Alimentos”, destaca Luiz Paulo Queiroz.

Outra publicação, intitulada Optimization of alginate extraction conditions from the brown seaweed Dictyota mertensii using a central composite design (ou “Otimização das condições de extração de alginato da alga marrom Dictyota mertensii usando um delineamento composto central), foi publicada no periódico Algal Research (Qualis A1, JCR 4,6, CiteScore 9,4). O artigo detalha o processo de extração do alginato e analisa a influência das condições de extração nas propriedades finais do produto.

De acordo com os pesquisadores, os resultados obtidos pela pesquisa se devem também à atuação do grupo de trabalho que tem pesquisado a “Inovação e Tecnologia de Qualidade de Alimentos no Semiárido Tropical”. “Estamos contribuindo ativamente para a difusão do conhecimento, oferecendo palestras e cursos voltados à comunidade acadêmica e fortalecendo o papel da pesquisa científica no Brasil”, afirma a professora Edna Aroucha.

Os professores argumentam, ainda, que a atuação deste grupo de trabalho tem se alinhado diretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente no que diz respeito à promoção de novos materiais (ODS 9), consumo e produção responsáveis (ODS 12), ação contra a mudança global do clima (ODS 13) e recursos marinhos sustentáveis (ODS 14).

Com informações da Comunicação da Ufersa