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Pesquisa estuda sinvastatina no controle da periodontite

Mulheres na Ciência

A medicação foi pesquisada por ser de baixo custo, disponibilizada pelo SUS para controle do aumento de colesterol e por apresentar efeitos de formação de tecido ósseo.
última modificação: 19/07/2019 18h03

O controle da periodontite - doença multifatorial que gera inflamação dos tecidos de suporte dos dentes e a consequente reabsorção do tecido ósseo - com o uso da sinvastatina foi o tema de pesquisa desenvolvida pela odontóloga do campus de Fortaleza Patrícia de Barros Teles, 48 anos, durante o doutorado em Ciências Morfofuncionais da Faculdade de Medicina da UFC, de 2014 a 2018. Com o trabalho, a dentista foi a única técnica administrativa (foto) da unidade a ser premiada pelo edital Mulheres na Ciência 2019.

Casada e mãe de dois filhos, Patrícia Teles lembra que a periodontite já era tema de interesse no seu mestrado em Farmacologia, também na Faculdade de Medicina da UFC, em 2011, quando analisou o DNA de pacientes portadores da doença para avaliar se havia alguma alteração (polimorfismo) num gene específico (apolipoproteína E) que justificasse uma pré-disposição à doença. O resultado da pesquisa não indicou relação direta entre o referido gene e a patologia (não houve alteração no gene estudado, mas há relação entre a periodontite e outros genes).

Dando continuidade à investigação científica, com a aprovação no processo seletivo de doutorado na UFC, a odontóloga assegurou a orientação de outra mulher cientista, a gastroenterologista Profa. Dra. Gerly Anne de Castro Brito. “Foi um trabalho árduo. Ao longo de um ano tínhamos que avaliar a evolução de pacientes que não podiam, por exemplo, usar qualquer tipo de antibiótico durante o tratamento com sinvastatina”, explica Patrícia, que perdeu a mãe em 2018, quando finalizava a pós-graduação.

A amostra da pesquisa começou com um grupo de 32 pacientes e foi concluída com 21. A sinvastatina foi usada na pesquisa de doutorado por ser um medicamento de baixo custo já disponibilizado pelo SUS para controle de hiperlipidemia (aumento de colesterol) e por apresentar efeitos independentes do colesterol, como o osteogênico (formação de tecido ósseo) em pacientes que a utilizam.

Patrícia de Barros Teles diz que o doutorado foi um grande desafio pessoal. “Muitas pessoas me desencorajaram, disseram que financeiramente não valeria a pena, que eu não ia conseguir tendo filhos e, ainda, depois dos 40 anos. Mas para mim era muito mais do que um salário melhor, era uma busca por aprimoramento e uma realização pessoal”, defende.

A odontóloga premiada avalia que “na área da Saúde tem mais mulheres estudando, fazendo pesquisa e correndo atrás, mas nem sempre são reconhecidas no mesmo patamar que os cientistas do sexo masculino; por isso a importância do Prêmio Mulheres na Ciência, que traz um incentivo a mais ao reconhecer as potencialidades do mundo feminino”.

Patrícia Teles 2

 

Saiba mais sobre as pesquisas de Patrícia de Barros Teles:

 Reportagem: Márlen Danúsia