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Desenvolvimento de Graffiti na periferia é tema de pesquisa
O trabalho de mais de duas décadas dedicadas ao grafite fez o jovem Cristiano Pereira, mais conhecido como Nick, transformar em pesquisa científica a sua experiência com a arte urbana na periferia da capital cearense. Ele acaba de apresentar sua dissertação no Mestrado em Artes do IFCE (PPGArtes), intitulada “Poéticas e presentificação dos graffiti na periferia de Fortaleza-CE”, trabalho orientado pelo professor Wendel Medeiros e coorientado pelo professor Herbert Rolim.
“Faço grafite desde 1999. Comecei com o Movimento Hip Hop Organizado do Ceará - MH2O e depois, em 2002, criei o Movimento Arte e Coesão - ARCO Crew, coletivo de grafiteiros que faço parte até hoje. Realizo intervenções com grafite tradicional, feitos com letras que formam meu apelido (Nick) em um desenho multicolorido e abstrato. Também trabalho com as questões raciais, em especial com a identidade e cultura negra africana e brasileira”, afirmou o artista.
Bastante feliz, Nick ressalta a importância da pesquisa desenvolvida no PPGArtes para o seu desenvolvimento acadêmico e profissional. "Escrever cientificamente sobre grafite é uma das formas de fazer essa arte urbana ser compreendida em sua totalidade. A escrita, de certo modo, contribui para o processo de criação em arte nos aspectos técnicos e poéticos, além de abrir caminhos nos ambientes acadêmicos e eventos de artes plásticas.”
Desde 2002, Nick iniciou uma série de oficinas de grafite para estudantes de escolas públicas e organizações da sociedade civil com o objetivo de promover a inclusão social e cultural, buscando criar uma ferramenta de identificação e transformação com os lugares onde as pessoas habitam e realizam suas vivências.
Essas oficinas foram parte do objeto de estudo de Nick no mestrado e deram origem ao primeiro catálogo sobre grafite na cidade de Fortaleza, que foi lançado no último dia 5 de junho no Museu do Ceará e distribuído às bibliotecas comunitárias da capital. Foram realizadas quatro oficinas em escolas públicas e organizações da sociedade civil, resultando na formação de cerca de 50 novos grafiteiros ao todo. Também foram realizadas quatro intervenções, usando a metodologia de pesquisação, nos bairros Bom Jardim, Couto Fernandes, Henrique Jorge e Passaré, tendo como partícipes a grafiteira Aliny e os grafiteiros Eden Loro e Ksim.
*Créditos da foto: @estudio.margem